Acordos
A casa do povo influencia a rua, para além do que acontece lá dentro. E isso por causa da demarcação do território e os acordos que guiam o que acontece lá dentro. Isso deixa a Casa do Povo em um segundo nível que outras tentativas porque tem um território próprio e isso faz imensa diferença (Dominic)
Quando criamos uma comunidade estamos criando um outro território, e temos a chance de construir uma dinâmica própria nesse micro espaço. Ainda somos influenciados pelo contexto social que pertencemos, mas conservamos uma certa criatividade e liberdade. Os acordos servem para construir as bases desse micro espaço, e sustentá-lo.
Artefato Chave da Casa: todo mundo tem a chave. Isso cria muito comunidade porque ninguém precisa bater, ou passar por um segurança para entrar. Isso é um símbolo para que a pessoa se sinta em casa e responsável. E isso cria outra noção de pertencimento (Marília)
A gente faz vários combinados, e o principal é: podemos recombinar tudo. (Marília)
O que faz uma instituição ser viva é ela poder mudar, caso contrário ela estaria só reproduzindo uma regra. (Marília)
Ponto de atenção na criação de acordo: alguns acordos e estruturas libertam e outros constringem. O acordo que criamos para evitar a mudança nos impede de movimentar
A Casa do Povo está sempre em movimento, e claro que às vezes dá vertigem quando tentamos fazer movimentos mais rápidos. É quase como reprogramar a maquina de tempos em tempos e nunca parar de fazer isso, o que é lindo, mas está sempre muito implicado e com muita energia. Tem um lado disso que demanda, é uma demanda por vida, mas dá trabalho. E claro que surgem muitos conflitos no caminho. (Marília)
Artefato Convivências Improváveis: o que acontece quando as pessoas usam o mesmo espaço é que as pessoas brigam. Exemplo: senhoras e jovens secundaristas. Uma das coisas que acontece quando temos conflito é as pessoas se reconhecerem, se enxergarem, acharem pontos em comum. Evidenciar o que eles tem em comum cria convivências improváveis e isso é sempre muito potente.
Artefato Sistema de Justiça: A gente criou um sistema de justiça, que quando tem treta a gente pode acionar, e é um sistema de justiça próprio diferente do que tem institucionalizado, e que criamos juntos. (Marília)
Reconhecer conflito como um surgimento saudável de qualquer relação que vale a pena, um feedback informando que os acordos de ontem agora não funcionam. Conflito é um alerta. Um feedback de “esse acordo não funciona mais. vamos criar um novo acordo atualizado e lembrar do que é importante para a gente?”
O trabalho de criar sistemas de justiça no nível comunitário é o começo de tudo para mim. (Dominic)
Tem a noção do jogo infinito. Na pelada se sai um, o negócio mela. No jogo infinito não. Vamos rever os acordos para que todo mundo jogue? (Juliana Machado)
(Ciano) Olhar de novo e de novo para as regras do jogo, para o combinado, para o ritual. Tem um ritual para olhar o que está funcionando ou não, para cada um e para a comunidade.
(CIano) No ALC chama “reunião de mudança” que é exatamente a gente se encontrar para olhar para comunidade. É um ritual de manutenção da humanidade da comunidade (e de criação de cultura intencional da comunidade).
Como a gente vive em uma sociedade pautada no poder e hierarquia, se a gente não olha para isso constantemente vai voltar a ser como era porque estamos acostumados. Quanto mais a gente olha para isso, mais a gente garante que essa relação diferente na comunidade possa se manter. A gente precisa cultivar isso todo dia. (Ciano)
"A liberdade não é um lugar que se alcança, ´é uma constância." Ciano Bu
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