Por que comunidades?

Felicidade e longevidade

Um estudo de 75 anos de Harvard, entrevistando e monitorando mais de 600 pessoas descobriu que o que melhor garante nossa saúde física e mental são as relações pessoais. Aqueles que criaram laços fortes viveram mais e melhor – para além de dinheiro, status ou emprego.

Ter laços sociais fracos é tão prejudicial à saúde quanto ser alcoólatra e 2x mais prejudicial que a obesidade. O isolamento desencadeia uma reação em cadeia celular que aumenta a inflamação e suprime a resposta autoimune do corpo à doença.

E a má notícia, é que segundo estatísticas, se você tem mais de 30 anos de idade você irá passar cada dia mais tempo sozinho até o dia da sua morte.

  • 1 em cada 4 americanos relata ter ZERO amigos para confiar e discutir assuntos importantes (triplicou nos últimos trinta anos)

  • 1 em cada 3 americanos com mais de 65 anos está socialmente isolado; para maiores de 85, o número aumenta para 1 em cada 2 .

  • Solidão é a nova crise de saúde pública da Austrália, na Inglaterra tem até um ministro da solidão. 800 a 900 mil pessoas já se afastaram da sociedade .

"Sozinho, vi muitas coisas maravilhosas, nenhuma das quais é verdade" Provérbio Africano

Fazer sentido e não guerra

O mundo está cada vez mais complexo, e não conseguimos adquirir complexidade cognitiva para lidar com os problemas que o mundo está enfrentando agora sozinhos. Será que estaríamos vivendo uma guerra sutil e em escala exponencial e, por isso, ainda mais perigosa?

É o que alguns especialistas como Daniel Schmachtenberg acreditam. Estamos acompanhando uma guerra no nosso ecossistema de informações, que está atingindo uma intensidade exponencial, com o avanço da tecnologia.

"Complexidade cognitiva requer inteligência coletiva”, Daniel Schmachtenberger .

A Internet parece a primeira vista ser uma fonte de novas comunidades. Mas as conexões que criamos online não adotam o paradoxo da comunidade e criam limites mais fortes que nos mantém isolados um do outro e poluem a ecologia da informação.

O que chamamos de "comunidades" no ambiente digital, muitas vezes são "sistemas de conformidade", nas quais ter um pensamento próprio requer um esforço muito maior que seguir o pensamento do grupo. As redes as quais participamos nos levam a perda da capacidade de pensar de maneira independente e de propagar ideias complexas.

Na maioria dos contatos virtuais, não somos solicitados a contribuir com nossa singularidade, apenas com nossa semelhança, e os grupos reforçam nossa separação do resto da sociedade.

Grupos muito grandes não propagam ideias complexas, pois elas são exterminadas por pensamento de grupo. Essa é uma das razões porque fake news se propagam até 6x mais rápido que notícias verdadeiras.

Cientistas criaram a definição de “rede de pequeno mundo” para explicar a importância da criação de pequenos grupos formada com ligações fortes entre membros, fazendo pontes com outros pequenos grupos. Esse seria o ponto ótimo de um sistema saudável, criativo, com relações de confiança, e com alta capacidade de resolução de problemas.

Transformação

A competição é um fenômeno cultural, uma ideia ruim que inventamos como se fosse possível se isolar e sobreviver sozinhos. Mas a cooperação é biológica: para criar saúde a gente cria mais conexões, e traz mais partes do sistema.

A bióloga Lynn Margulis observa que independência não é um conceito que explica o mundo dos vivos. É apenas um conceito político que inventamos. Os indivíduos não podem sobreviver sozinhos. Eles se mudam continuamente para descobrir quais relacionamentos são possíveis.

"No mundo quântico relacionamento é a chave que determina tudo. Partículas sub atômicas ganham forma apenas quando são observadas e quando estão em relação. Elas não existem como entidades independentes. Essas conexões invisíveis são o ingrediente fundamental de toda criação. Nesse mundo os blocos fundadores da vida são os relacionamentos e não os indivíduos. Nós somos como pacotes de potencial. Relações evocam potencial. Nós mudamos quando encontramos pessoas ou circunstâncias diferentes." Margaret Wheatley

A natureza sustenta a vida criando e nutrindo comunidades. E nós, como também somos parte da natureza, formamos grupos sociais onde interações ampliam nosso potencial (e às vezes limitam).

Assumimos por muito tempo que a inteligência estava no nosso cérebro, mas ela está principalmente nas redes de comunicação entre nós. E tudo que é criado nasce a partir da qualidade dessas conexões.

Todas as engenhosidades que desenvolvemos ao longo do tempo só foram possíveis porque muitas pessoas trabalharam de maneira articulada em prol de objetivos comuns.

As espécies que decidem ignorar os relacionamentos, que agem de maneira gananciosa e voraz, simplesmente morrem. Seria o que está acontecendo com nós humanos?

Last updated

Was this helpful?