Inícios
Fronteira, círculo mágico e motivadores internos
Crie uma fronteira
O primeiro passo para cuidar da experiência de uma pessoa dentro de uma comunidade é criar a fronteira, ou seja, a linha entre os membros e não membros. A fronteira é tanto uma forma proteger e dar segurança a quem está dentro, quanto de dar uma chance para que visitantes saibam como explorar quando ainda não querem se comprometer.
Um erro comum é não criar uma fronteira por querer estar aberto para todos. Soa generoso, mas se todo mundo pertence a sua comunidade, isso significa que sua comunidade não pode se distinguir da ausência de comunidade.
É importante saber quem são os guardiões da fronteira, que vão ajudar novos entrantes a cruzá-la compartilhando tanto informações mais concretas de como navegar na comunidade, quanto manifestando os valores e histórias mais subjetivos que vão ajudar a pessoa a sentir o que é fazer parte.
Círculo mágico
Passar em um processo seletivo significa fazer parte de uma organização? Pagar uma mensalidade significa fazer parte de uma comunidade? Essas funcionam como fronteiras visíveis, mas a fronteira invisível muitas vezes é deixada ao acaso, o que impede ou adia o sentimento das pessoas de que fazem parte.
Uma vez definindo quem está dentro e quem não está, precisamos criar o círculo mágico, ou seja, o perímetro invisível que seus participantes precisam cruzar para entrar em sua comunidade de fato e se envolver inteiramente.
A designer de experiências Ida Benedetto, de quem peguei emprestado esse termo, diz que você sabe que criou um círculo mágico quando de alguma forma os comportamentos compartilhados naquele espaço se diferem do mundo habitual. Por exemplo, em jogo de pôquer ou de truco as pessoas se permitem blefar e insultar uns aos outros, e isso de alguma forma faz parte daquela experiência compartilhada. "Este é o círculo mágico em ação."
Quando o participante entende e sente que cruzou seu contexto habitual para outro. Esse é o momento que o círculo mágico é ativado para ela.
Motivadores internos
Para de fato se engajar em uma comunidade, precisamos trazer a tona motivadores internos dos participantes. Saber o que me motiva internamente a fazer parte de qualquer tipo de organização, ajuda a criar uma intenção mais concreta para a participação.
É a motivação interna que vai mudar toda a forma como me engajo na comunidade desde o momento que entro até o momento que saio, e por isso ela começa a ser ativada desde o início, mas como designers de conexão precisamos repetidamente criar estratégias para reativá-la.
Motivação interna é aquela que nasce de nós mesmos, e ninguém precisa prover nada para nos inspirar a ação.
O autor Charles Vogl cita três condições que suportam a motivação interna, e quando estão presentes os participantes participam e retornam às comunidades. Ignorar uma dessas três condições explica porque muitas comunidades falham e se ignoramos qualquer uma delas, podemos transformar experiências divertidas em transacionais. Para suportar as pessoas em suas motivações internas, precisamos investir tempo e trabalho para entender o que verdadeiramente as motiva.
Escolha: a possibilidade de dizer sim ou não para se tornar membro e para participar.
Conexão: as pessoas são aceitas por quem são, e sabem que os outros se importam com seu bem estar
Progresso: sentir que está avançando rumo a um propósito escolhido por si, como uma habilidade ou campo de atuação.
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